segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Na minha frente

  ALVA COMO O LEITE


Após algum tempo, eis que a natureza a colocou na minha frente, por alguns minutos é verdade, mas estava à frente, ao alcance dos olhos e, o melhor, sem precisar manear a cabeça.
No momento, pensei um pouco na minha trajetória, excluído por mim mesmo, pessimista, inadaptado ao amor, autodestrutivo e, ao contrário das pessoas, desprovido de máscara.
Na trajetória, você passou como um meteoro, deixando a sensação de um rastro de luz extremamente forte, todavia me deixou também carregado de profunda tristeza e desdém de mim mesmo.
Após a sua saída, cheguei a pensar em não colocar nada em um texto, pois não passaria de um jogo de palavras bonitas, porém enganadoras para mim e sem qualquer resultado. Mas, como palavras enganadoras não deixam tanta tristeza assim, assumi o risco delas terem alguma importância, um significado, nem que seja único, para apenas uma pessoa.
Na verdade, o que importa é que fiquei feliz em vê-la de novo, feliz por escrever de novo, depois de um certo tempo sem uma letra sequer. Acredito que você ainda se lembre de mim e dos enormes textos que escrevi há alguns anos. Eu sim, me lembro de tudo: do dia em que te conheci, do dia em que me apaixonei, do dia em que te odiei e do dia em que o ódio passou.
Para lhe escrever novamente, fui em busca do que havia acontecido naquelas dias de ternura. Alguma coisa tinha acontecido não é verdade ? Aliás, muitas coisas, só não sabia dizer o quê. Um mundo acabara de se desvelar, os acontecimentos tinham me levado ao real e, no fim, eu não sabia explicá-lo.
Findei com a sensação de não ter entendido nada e, ao mesmo tempo, ter entendido quase tudo. Todavia, algo me tirou do sério, pois a cada vez que eu me aproximava de uma resposta, outras perguntas me apareciam e, o pior, sem a devida resposta.