ALVA COMO O LEITE
Após
algum tempo, eis que a natureza a colocou na minha frente, por alguns
minutos é verdade, mas estava à frente, ao alcance dos olhos e, o
melhor, sem precisar manear a cabeça.
No
momento, pensei um pouco na minha trajetória, excluído por mim
mesmo, pessimista, inadaptado ao amor, autodestrutivo e, ao contrário
das pessoas, desprovido de máscara.
Na
trajetória, você passou como um meteoro, deixando a sensação de
um rastro de luz extremamente forte, todavia me deixou também
carregado de profunda tristeza e desdém de mim mesmo.
Após
a sua saída, cheguei a pensar em não colocar nada em um texto, pois
não passaria
de
um jogo de palavras bonitas, porém enganadoras para mim e sem
qualquer resultado. Mas, como palavras enganadoras não deixam tanta
tristeza assim, assumi o risco delas terem alguma importância, um
significado, nem que seja único, para apenas uma pessoa.
Na
verdade, o que importa é que fiquei feliz em vê-la de novo, feliz
por escrever de novo, depois de um certo tempo sem uma letra sequer.
Acredito que você ainda se lembre de mim e dos enormes textos que
escrevi há alguns anos. Eu sim, me lembro de tudo: do dia em que te
conheci, do dia em que me apaixonei, do dia em que te odiei e do dia
em que o ódio passou.
Para
lhe escrever novamente, fui em busca do que havia acontecido naquelas
dias de ternura. Alguma coisa tinha acontecido não é verdade ?
Aliás,
muitas coisas, só não sabia dizer o quê. Um mundo acabara de se
desvelar, os acontecimentos tinham me levado ao real e, no fim, eu
não sabia explicá-lo.
Findei
com a sensação de não ter entendido nada e, ao mesmo tempo, ter
entendido quase tudo. Todavia, algo me tirou do sério, pois a cada
vez que eu me aproximava de uma resposta, outras perguntas me
apareciam e, o pior, sem a devida resposta.