terça-feira, 24 de dezembro de 2019

Atlantique


TODA HISTÓRIA DE AMOR TEM SEUS FANTASMAS

         Em um extraordinário entardecer de novembro, uma vitalina perguntou se as palavras, com certo propósito,  chegavam ao destino. 

Não tem como saber. Não se deve se preocupar com o destino e, sim, com o propósito que é de encantar e o encanto chega de todos os lados, de todas as fontes, das músicas, das palavras, de tudo. 

Tudo encanta, principalmente quando esse tudo vem da miséria onde não tem nada que se aproveite e é esse o ambiente de Atlantique, drama senegalês de Mati Diop, primeira diretora negra a competir pela Palma de Ouro no Festival de Cannes.

Atlantique é um intenso romance, notável por sua impecável concepção, além de uma original abordagem aos complexos desígnios do amor, da perda e das forças que ressurgem das cinzas da tragédia.

         Em Atlantique o amor é retratado em gestos simples, mas repletos de ternura e na devoção dos protagonistas um pelo outro, que nos proporciona uma fantástica declaração de amor, mesmo no momento em que ocorre um afogamento.

Ada: Eu sabia que você voltaria
Ada: Só podia ser você
Ada: Sempre sentirei o seu gosto, do sal do seu corpo no meu suor.
Souleiman: Como você é bonita  
Souleiman: Tudo que vi foram seus olhos e suas lagrimas
Souleiman: Senti seu pranto me puxando para o litoral
Souleiman: Seus olhos nunca me deixaram
Souleiman: Eles estavam comigo
Souleiman: Iluminando as profundezas.

         Extraordinário.