VENTRE
DE OSTRA
“Tem
mulheres que são iguais aos homens, não dizem nada.”
Escutei
a frase em referência na última sexta-feira, 18 de março de 2016,
no decorrer da apresentação do monólogo poético VENTRE DE
OSTRA no Teatro de Cultura Popular da Fundação José Augusto,
interpretado de forma magnífica pela atriz Luana Vencerlau, sob a
direção de Junior
Dalberto.
Por
abordar o universo feminino em sua magnitude através da delicadeza,
dos sentimentos, anseios, sonhos, decepções e lutas, o monólogo
mergulha o
expectador no ventre
de todas as mulheres, principalmente daquelas que
foram fruto de conquistas, cujo
a ostra, de forma comezinha, serve a quem não deveria.
Ora,
se serve a quem não deveria é porque a ostra virou moeda de troca e
quando isto ocorre, fica tão desvalorizada que o seu valor é
insignificante, não sendo suficiente sequer para comprar, ao menos,
uma libra de carne do coração de alguém.
Tanto
é verdade que o ventre, a
sua ostra e
o coadjuvante, estão
longe de ser um par de protagonistas que
produzam um espetáculo de primeira grandeza e limitam-se apenas à
ilusão de um amor eterno, cuja estabilidade, sem maiores
turbulências, pode ser perdida a um só instante.
As
poucas mulheres
que são iguais aos homens, continuam sem dizer nada, principalmente
quanto ao lugar que ocupam ou vão deixando de ocupar na vida
de outras pessoas.
Fragmentos
do texto LAÇÕS DE FAMÍLIA de Carmen Vasconcelos