segunda-feira, 21 de março de 2016

Voltando




VENTRE DE OSTRA



Tem mulheres que são iguais aos homens, não dizem nada.”


Escutei a frase em referência na última sexta-feira, 18 de março de 2016, no decorrer da apresentação do monólogo poético VENTRE DE OSTRA no Teatro de Cultura Popular da Fundação José Augusto, interpretado de forma magnífica pela atriz Luana Vencerlau, sob a direção de Junior Dalberto.

Por abordar o universo feminino em sua magnitude através da delicadeza, dos sentimentos, anseios, sonhos, decepções e lutas, o monólogo mergulha o expectador no ventre de todas as mulheres, principalmente daquelas que foram fruto de conquistas, cujo a ostra, de forma comezinha, serve a quem não deveria.

Ora, se serve a quem não deveria é porque a ostra virou moeda de troca e quando isto ocorre, fica tão desvalorizada que o seu valor é insignificante, não sendo suficiente sequer para comprar, ao menos, uma libra de carne do coração de alguém.

Tanto é verdade que o ventre, a sua ostra e o coadjuvante, estão longe de ser um par de protagonistas que produzam um espetáculo de primeira grandeza e limitam-se apenas à ilusão de um amor eterno, cuja estabilidade, sem maiores turbulências, pode ser perdida a um só instante.

As poucas mulheres que são iguais aos homens, continuam sem dizer nada, principalmente quanto ao lugar que ocupam ou vão deixando de ocupar na vida de outras pessoas.


Fragmentos do texto LAÇÕS DE FAMÍLIA de Carmen Vasconcelos