BODERLINE
Na sexta-feira,
22 de setembro de 2017, tinha programado assistir Manchester à Beira-Mar, que teve várias indicações ao oscar e tido por muitos, referência da tristeza.
Porém, findei indo ao TCP assistir o monólogo BODERLINE de Junior Dalberto,
desta vez não com José Neto, e, sim, com Bruce Brandão, tido no mundo das
coxias como um Global.
Ao chegar, desperto
para a música de Tom Zé que fazia companhia a plateia desbundada antes do
espetáculo. Plateia desbundada !!, ou quase “né”, pois o desbunde desapareceu há muito e quase
não chegou por aqui, só que quase é apenas um detalhe.
Como outsider
genuíno, passo a impressão de que sempre estou triste, mesmo me sentindo bem no
cenário Wunderground. Apesar de muitos amigos, nenhuma patota, sempre olho de dentro para
fora e mesmo quando me encaixo em algum lugar, no fundo me sinto só, pois sempre
o meu todo fica a margem, como se nenhum mundo fosse propriamente meu.
Igualmente
a VENTRE DE OSTRA, a interação com o
monólogo foi imediata e destaco o momento em que o personagem insiste em não
ser INCLUÍDO, preferindo o meio fio.. a margem da vida.. ou
quem sabe, além dela e continuar inserido
no mundo só dele como os personagem dos filmes de Hecto Babenco, Lúcio Flávio o
passageiro da agonia, Pixote e Carandiru.
No
decorrer do espetáculo, tentei memorizar a belíssima música de Tom Zé Brigitte Bardot, do trabalho TODOS OS OLHOS, de 1973, é de longe, lá
de traz, mas se chegou até aqui é que tem certa qualidade, só
que restrita ao Wunderground dos malditos,
como toda a sua obra.
Findei
assistindo Manchester à Beira-Mar uma
lua depois, com uma xícara de café, uma fatia bolo e o Valor Econômico ao
alcance das mãos, as companhias de sempre.