MANHÃS DE SETEMBRO *
Em brilhante resenha, o Jornalista Mario Ivo encantou a todos ao afirmar que para viver um grande amor é necessário antes de tudo estar apaixonado e, neste estado, tem que se ignorar solenemente o tempo, recusar o passado, imaginar que o futuro não existe, acreditar que será eterno e o essencial que é confiar cegamente no outro, como um fiel que rejeita a ciência e abraça a fervura quente de um milagre.
O grande amor consegue o impossível, chegando até a parar o tempo, os ponteiros e todos os relógios do mundo, relógios estes que só existem dentro dos limites de um refúgio criado pelos amantes para viver o seu grande amor. Neste sentido, há de se concluir que o amor verdadeiro nasce e é construído através da amizade que surge de forma permanente entre os amantes.
Porém, no campo do amor, não existe espaço para vacilações e dúvidas, pois estes defeitos da alma trazem consigo as ofensas, pequenas e grandes. O amante pode até perdoar as pequenas ofensas. E as grandes, o que fazer com elas? Devem-se perdoá-las?
Então, o que dizer do amante que na vida profana, tinha a capacidade de perdoar apenas as pequenas ofensas. Do homem que amava a sua mulher como um afeto que devorava o seu coração e por isso não pode considerar como uma pequena ofensa o abandono que sofreu, pois sua mulher o trocou por um bastardo que não amava.
O seu sentimento foi profanado e, por este fato, teve que passar por uma transformação quando sentiu de forma brutal a mão pesada da rejeição, porém fez de tudo para não se entregar a depressão que as convenções reservam ao amante rejeitado, pois nenhuma rejeição é definitiva.
Como o tempo, tudo vira passado e deve ser mantido como tal. Mesmo se tivesse a chance de alterá-lo, o rejeitado deveria mudar apenas a maneira de olhar para ele. Para tirar o que tem de vaidade, de engano e de sofrimento excessivo.
* Escrito no decorrer da madrugada do dia 15 de setembro de 2012, tipo 02 hs da manhã, após ouvir na Rádio Globo, Manhã de Setembro com Vanuza.
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